Ontem comecei a organização das minhas tralhas todas... o que fica e o que vai para João Pessoa comigo... tá longe pra caramba ainda a mudança, mas embrulhar as coisas agora vai me preparando aos poucos... não sei se acredito nessa teoria, mas talvez me faça bem pensar dessa forma... ou não... sei lá... não me importo muito com isso...
Pois bem, o que eu vim aqui escrever é o seguinte... Encontrei várias relíquias que pemearam a minha história... desde bilhetinhos engraçadinhos da adolescência à cartas de saudades de amigos... poesias feias em minha homenagem (dá pra acreditar que alguém pode escrever alguma coisa pra mim?! ) cartões e cartinhas de alunos... etc... etc... etc...
Na hora de separar meus livros... essa foi a hora que mais me doeu... ter de me separar das minhas crianças... rsrsrsr... como escolher quem vai e quem fica... os lidos ficam todos?! Ou levo os meus preferidos?! Mas os que não são meus preferidos não foram lidos ainda e podem vir a se tornar?! rsrsrsr... como diria um amigo: eu pesndo em coisas de maluco!!! Guardei só alguns numa caixa e duvido não abri-las até a hora da minha partida pra reavaliar tudo... rsrsrsr...
Mas nessa história toda, me deparei com um livro que tinha (tenho)... mas que não dera a devida atenção... é um livro de poemas de Manuel Bandeira... e, envolvida com toda aquela bagunça que causa uma mudança, pus-me a relaxar e a ler alguns de seus versos... cansada... com calor... já com preguiça... fiquei a ler por boa parte da tarde... me dei conta depis que ganhara o tal livro de um aluno... não me lembro de nenhuma data importante... enfim... escolhi um poema pra enobrecer esse pedacinho de canto que se parece e que se distancia um bocado de mim... que é meu, mas ao mesmo tempo é livre... é de todos, todos que leem... bora ao poema:
Poética (Manuel Bandeira) Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. |
MAG...
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