Obsolescência
Programada
Decidem a nossa roupa, a nossa
comida, a música que ouvimos, a informação que recebemos e até o modo que a
recebemos. Decidem a forma de armazenamento das nossas memórias: se em um
disquete ou um pen drive, por exemplo. Decidem o que está na moda e quando vai
se tornar obsoleto. Decidem o tempo de vida de cada ‘coisa’. Decidem qual o tipo de pensamento que teremos agora, quais
autores estarão nas grades dos cursos e de que forma pensá-los, pois nos
interessa estudá-los, não para obtermos um pensamento livre, questionador e transformador, mas porque cairão em
concursos públicos aos quais nos levarão a mantermos nosso padrão de vida ao
qual estamos habituados, cheios de ‘bugigangas tecnológicas’, sem nos darmos
conta de tudo o que ocorre a nossa volta. Sendo assim, podemos afirmar que
estamos vivendo em uma sociedade que privatiza o pensamento, o entendimento e,
consequentemente, a memória. Vivemos um uma sociedade onde se forja a
democracia e delimita nossa liberdade, baseando-a inteiramente no consumo.
O primeiro passo da ‘obsolescência
programada’ é o controle indireto das mentes das pessoas. Por isso nos
deparamos com manipulações diárias nas mais variadas formas. Porém, as que mais
se destacam são as dos meios de comunicação de massa (programas de TV, rádio,
jornais, revistas, etc.). Neles são destacados formas de vida perfeitas, ou
imperfeitas, mas essas, você não pode seguir, eles deixam isso claro. As
situações são apresentadas, comumente, de forma leve e engraçada, para que
acreditemos que nossa vida mudará a partir do uso do produto. Determina se
seremos ‘descolados’ ou ultrapassados.
Se faremos parte do grupo dos vencedores ou dos perdedores. E ainda e mais
grave, se seremos felizes ou infelizes. Fica a nosso critério escolher. Como se
de fato isso acontecesse.
Uma outra forma de controle, é o
controle do ‘saber’. Determinam o que,
quando e como serão transmitidos os assuntos nas escolas. Desde sua base às
Universidades. Como já mencionado no primeiro parágrafo, eles privatizam o
conhecimento nos dizendo o que é importante guardar na memória. Tudo que for,
de fato, útil, textos para vestibular e concursos, por exemplo. Textos críticos,
podemos deixar para quando tivermos um pouco mais de tempo. Sem esquecermos de que
‘tempo é dinheiro’! E como conseguirmos o tal dinheiro? Trabalhando! Nesse
contexto capitalista de manipulação fica em evidência o caráter de nossa
formação tecnicista do saber . Apertar ‘porcas’ nas fábricas já será o
suficiente para uma grande parcela da sociedade mundial. Então, para que uma
grade de filosofia ou sociologia na grade do curso? Se o operário compreende
como funciona a engrenagem do sistema, este passa a correr um perigo maior de
ser descoberto.
A obsolescência programada não está
presente somente na questão referente ao tempo de funcionamento de um produto.
De acordo com o filme de mesmo nome ( http://www.youtube.com/watch?v=o0k7UhDpOAo&feature=related
) , essa prática foi o início de tudo, até perceberem que o controle poderia ser
estendido para outros âmbitos da sociedade. Passaram então a penetrar a mente
humana. Tornando, dessa forma, não só os materiais finitos, mas o pensamento, a
compreensão e a memória. Priorizam o capital, e deterioram o ser humano e a
natureza. Geram a economia do desperdício, esquecendo que o planeta é limitado
e algum dia essa atitude se voltará contra nós. É preciso urgentemente, talvez
não para a nossa geração, muito embora já vejamos o mundo em colapso financeiro
e catástrofes naturais, uma reformulação econômica e política mundial, revendo
nossos valores e o que, de fato, é necessário à vida.
MAG...
P.S.: Texto elaborado para um trabalho da faculdade, com algumas modificações...
Belo texto, e ótimas percepções mundanas. A liberdade de expressão, o livre arbítrio, a democracia, parecem ser atos de coragem nesta sociedade. Parabéns.
ResponderExcluirObrigada, Lorena... são angústias e percepções que deveriam ser todos e transformadas em luta...
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